sábado, 26 de setembro de 2009

Manual de mim.

Boa noite, leitores tão amados.
Hoje, por estar há longo tempo afastado, resolvi publicar logo três de minhas novas criações. Tenho tentado varia de estilo e espero trazer grande ecleticidade a este sítio!

Uma boa leitura a todos, cuidem-se.





Por cantos obscuros caminhei e de tantas encruzilhadas, já não estou certo do lugar aonde estou.
Um labirinto sem saída, um labirinto, sim, de espelhos retorcidos, cada qual com um "eu", uma aparência reluzente ou decaída.
Enganos e mentiras, todo u mundo encoberto, escondido atrás de olhos opacos e sem vida.
Repito os mesmos erros, todas as escolhas que me afastaram de mim, do controle, do contrário. Sanidade.

Coração faceiro, amor vazio. Tudo o que possuo é um vácuo.
Quando foi que matei meus heróis?
Quando foi que matei m'eu herói?

Orgulho e expectativa postos sobre um falso estandarte.
Uma torre de Babel erguida sobre alicerces de mentiras, tijolos de fachada.
Pouco a pouco, crio um cerco que se fecha. Decepções, máscaras caídas, lágrimas no olhar.

Sou o vento que bate na madrugada, congelo sentimentos, vou além do imaginário.
Sou a forma disforme que muda de figura, falando figurativa mente.
Sou o asco e a vontade,
Sou o aço e o papel.
Sou o grito e o silêncio,
Sou tudo o que quiser e quem não quero ser.
Sou "o que", "por que?" e a concessão.
Sou um sonho do qual não se quer acordar e serei o pesadelo que te desperta aos prantos.
Sou segurança, sou incerteza.
Sou perfeito se quiser, mas jamais irei querer-lo.
Sempre serei o bom e o mal, a mudança e o medo, o mundo, o agora.

Sou o vento, não sou nada e nada disso.

Eu não existo.



Marco Ferreira

Poesia Indiscreta nº 1

Vivo um eterno procurar
E em vivas chamas ardo ao pensar nesse encontro.
Suas garras a cortar-me a pele
E o suco vivo da tua carne,
Enbrenhando-se na minha
Saciando todo instino animalesco de volúpia.

Recordo-me, improvável,
De beijos loucos, gritos roucos,
Dessa nossa valsa - dançar de borboletas
e acalanto de abelhas em rosas.

Julgo-me culpado, de amar tão vivazmente,
De desejar tão incessante tua figura.
De querer mais que a minha figura
Esses teus traços tão desconhecidos.

Como posso - pergunto em meus sonhos-
Te querer tão impunemente,
Se em verdade nem te vejo
Se realmente não conheço
Nem teu nome, nem teus olhos,
Nem ao menos se existes?



Marco Ferreira

Chuva

Meu peito é cantil de lágrimas.
Choro quando chove,
Ou meu peito escorre em choro
Que desagua nesse céu que sofre?

Queria entender o canto dessa vida,
A natureza desse laço entre eu e o mundo.

Esse mundo cego e surdo
Que não nota os amores, as dores
E os desejos de quem sofre.

Esse conjunto, sempre tão preocupado
Em ter e ser, do que em sentir.

Quisera minha voz ser assim tão intensa,
Que esse rouco e grave clamar
Despertasse as marés.
Sempre indo e vindo sem vontades ou desejos.
Essa massa.

Que esse ganido do animal que sou,
Que morre e vê morrer,
Sobrepujasse os votos de quem jura lealdade.

Embora já não sinta o meu humano,
Desejei de todo
Que se fizesse florescer essa vontade.

Que todo aquele que ama
Demonstrasse esse querer.
Que me fizessem belas trovas
E me acalentassem quando choro.

Entendessem que quando sorrio,
É quando mais preciso de alguém.


Marco Ferreira.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Gritos

Caríssimos leitores!!!
Confesso que estou realmente com saudades de escrever aqui e desafoguar minhas linhas sobre vossos olhos.
Mudando um pouco o foco, aqui vai uma poesia um tanto diferente do que vocês já conhecem. Espero que gostem, e que tenham uma boa leitura.

Por vezes eu pergunto:
"Aonde está o seu amor?"
Se quando mais preciso de respostas,
Só o que encontro é a questão.

Será o sonho de um bilhão,
O que filósofos antigos perderam o sono para explicar?
Eu te grito de dentro de mim,
Qual é a razão pras coisas serem como são?

Se eu adoresse qualquer solução,
Teria ela mais classe que essa concepção?

Eu fico acordado no vão da minha vida,
Provocando toda dor causada pelo seu "amor".

Vem, me encontra para um café
E me explica, qual é a lógica
Pra toda essa incoerência.

A justiça é uma dama.
Enquanto somos tão castos.

É a verdade absoluta, esse teatro de embaraços?

Eu viro as minhas costas
Para toda essa cegueira.
Se o paraíso prometido é um circo dos horrores,
Esquecerei da sua cria
E farei tudo à minha maneira.

Liberté, égalité et fraternité.

Marco Ferreira.