sábado, 17 de maio de 2014

Carta para Bia

Temo por teu peito rasgado que, vez aberto, é escravo desse Nada que consome, rapidamente, a tua chama.
Já foste menina doce, fronte aberta. Mas, o que sabe de ti o céu sem estrelas da cidade voraz? O que entendem de tuas lágrimas os homens sem rosto na tua memória?
Ah, Bia, doce Bia, leio nos teus olhos essa labuta, a vontade incessante de se sentir novamente viva. Entre postes e geladeiras, viraste sim, uma bela atriz, que esconde até de si a própria formosura.
Vai dizer que cessou teu verso? Que mesmo cansado, fechou pra sempre teu riso?
Pois te digo: há tanto sentido no que falas que acende alguma coisa dentro de mim. Não é o Nada, nem o Oco, tão pouco é encher de areia onde antes pulsava sangue.
É, muito antes, jogar água e abrir as janelas. Você sabe, flor bonita só cresce com CUIDADOS.
Sei bem que aí há mais de infante.
Ah, Bia, acordei pra te acordar e pra deixar minha criança brincar com a tua.

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