Hoje firmei trato com o tempo, que há tanto tentave-me e sondava meu pensar.
Dou-lhe meus anos, minhas forças; deixo cada lembrança lentamente flutuar, leviana, a se aninhar em seu eterno peito.
Em troca, ganho o sábio saber de não saber nada, sobre coisa alguma, refletido nas alvas linhas de meus cabelos e densas linhas em minha face.
Deixo à vida a vida que tive, que leve, leve vento do tempo, os laços e promessas, esqueça em mim os amores e as palavras, e deixo ser o que for do Ser em mim.
Se é de pensar tão cedo, se é pra ceder tão veloz e impune, troque comigo de lugar.
Perca tudo, tendo tirado tanto tempo, que eu ganho em perder as forças e tudo que em si houver.
Assim, leve e livre, vivendo ao contrário de envelhercer, vivo criança e creio o mundo diferente, longe de onde morri; perfeito, pronto para o meu nascer.
Marco Ferreira
segunda-feira, 11 de abril de 2011
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3 comentários:
Olá,
Marco!
O Adriano (Aquele do Carvalho) me indicou seu blog e estamos te seguindo. Aproveito para te apresentar o link do blog dele, no qual estou coletando seus escritos. Fique a vontade para visitas e trocas de opiniões.
Agora, como leitora nova de seu espaço quero dizer que li este recente e fiquei encantada com o Tratado ou intimação (rsrs) ao Tempo... calei-me com isto aqui:
"Deixo à vida a vida que tive, que leve, leve vento do tempo, os laços e promessas, esqueça em mim os amores e as palavras, e deixo ser o que for do Ser em mim."
Que sentimento é este? Entregue? Esquecido?
Gostei.
Abraço.
Bianca
O lInk...
havia esquecido, pois me mpolguei com o comentário. rsrsrs
Segue o do Adriano (Aquele do Carvalho):
http://aqueledocarvalho.blogspot.com/
Li dia desses nos agradecimentos de uma tese de doutorado: 'Ao Mario Lago, que recentemente rompeu seu pacto com o tempo'.
Gostei do seu blogue. Volto.
Abraços!
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